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Franciscanismo: Sobre a morte

Publicado por Frei Edson Matias | 02/11/2012 - 15:32

Todos nós temos certa resistência quando somos convidados a meditar sobre a morte. Quanto mais quando não é a morte alheia, mas a nossa. Muitos santos da Igreja meditaram esse mistério. São Francisco de Assis chegou a dizer:

 

Louvado sejas, ó meu Senhor,
por nossa irmã a Morte corporal,
à qual nenhum homem vivente pode escapar.

 

No primeiro momento, quando lemos esta oração, pensamos que todo santo carrega em si um pouco de loucura. Como pode alguém louvar o Senhor pela morte? Pois é assim. Hoje em dia fica ainda mais difícil imaginar isso para nós. Não queremos sofrer. Queremos permanecer sempre em estado tranquilo, alegres, sem perturbações. Bom, querer ficar bem não tem nenhum problema. Entretanto, não podemos nos enganar. O sofrimento e a limitação fazem parte da vida do ser humano. Assim, também a morte faz parte da vida.

Mas o que leva alguém como São Francisco louvar a Deus pela morte? É pela fé. Somente por uma vivência profunda do Mistério de Deus em Jesus Cristo que isso se torna possível. A fé não nega a morte, mas a assume e a vence. “É verdade que a morte continua a existir como realidade biológica, mas ela perde sua dimensão escatológica como um poder que separa de Deus. (SCHNELLE, 2010. p. 559). Se negássemos a morte pela ‘fé’, isso não seria fé, mas ilusão.

 

“Mas, em tudo isso, somos mais que vencedores,
graças àquele que nos amou” (Ro 8,37).

 

A vitória da morte e do pecado é pela transcendência deles. Isso se deu na ressurreição de Jesus Cristo, o Primogênito. A ele nos igualaremos. Mas tal revelação começa não após a morte biológica, e sim, aqui e agora. O Evangelho não está lá no passado e nem somente no futuro. Ele também é presente. Pois, caso contrário, estaríamos limitando a revelação. E como podemos limitar tamanho amor que Deus revelou para nós em Cristo Jesus?

Pela fé em Jesus Cristo, morto e ressuscitado, temos a salvação que nos leva para um novo mundo, onde podemos compreender a vida e a morte. Pela graça somos fortalecidos para transcender as limitações dessa vida e poder como Francisco de Assis, louvar a Deus pela nossa Irmã morte corporal.

E igualmente perguntar como Paulo:

 

Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada? (Ro 8,35).

Sobre o autor
Frei Edson Matias

Frade Capuchinho, Sacertode. Naceu no ano de 1976 em Anápolis-GO. Filho de Baltazar Justino Dias e Genoveva Matias Dias. Ingressou na Ordem Franciscana em 25 de Janeiro de 1999, inicialmente nos Frades Conventuais - Província de Brasília. Depois fez a passagem para a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos no dia 13 de Julho de 2009. 

Formação

Doutorando em Teologia na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia - FAJE. Psicólogo pelo Centro Universitário de Brasilia - UniCEUB. Mestre em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás - PUC Goiás. Pós-Graduado em Psicologia Junguiana pela Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo - FACIS. Pós-Graduado em Teologia Contemporânea pelo Centro Universitário Claretiano. Teólogo Pelo Centro Universitário Claretiano. 

Áreas de atuação

Foi Professor de Psicologia e disciplinas afins na Filosofia e Teologia nos Institutos: ISB/DF, ITEO/MS e IFITEG/GO e na Faculdade Brasil Central/GO. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia clínica e psicologia da religião, como também em Teologia Pastoral e Espiritualidade. Presta assessorias às comunidades e congregações religiosas. 

Livros e Artigos

Possue diversos artigos publicados em revistas e livros. 

Contato

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