Louvado sejas, Meu Senhor, pela Irmã nossa, a Mãe Terra
A noção de criação deve ser refletida a partir do âmbito teológico porque, em primeiro lugar, trata-se de uma asserção de fé. Em segundo lugar porque tal compreensão assim enquadrada subtrai-se a equívocos cosmológicos. E, por fim, significa compreender o sentido ontológico da realidade criada, ou seja, sua função salvífica.
A correta compreensão da criação se dá a partir da fé, uma vez que a formulação desta compreensão está enquadrada no universo bíblico-religioso. Daí, então, ser necessário aproximar-se desta afirmação segundo o universo significante que o produziu, o religioso. Com efeito, a noção etimológica de religião é re-ligar. Isto posto convém compreender a criação como um ato livre de Deus cujo sentido primeiro é chamar à existência os seres e, consequentemente, mantê-los na existência. Disso se depreende que há uma relação de dependência entre o ato criador de Deus e a existência mesma do criado.
Desde a ótica acima exposta acerca da criação se deduz que uma compreensão da mesma em termos de cosmologia é, por princípio, equivocada. Com efeito, uma compreensão do relato religioso da criação segundo o modelo cientifico de investigação, indubitavelmente, o conceberá como falso ou empiricamente indemonstrável. Contudo, o relato da criação não tem ambição científica de descrição da realidade e sim de explicação religiosa do sentido mesmo da realidade, ou seja, ato livre e amoroso de Deus.
Passando ao largo da compreensão cientificista da criação e, por conseguinte, mantendo a noção primeira e fundamental da criação como verdade de fé, então, é possível aproximar da salvação. Ou seja, pelo fato mesmo de Deus ter criado por amor e não por megalomania revela, então, seu desígnio salvífico em torno do criado. Criar por amor e para o amor (salvação).