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Sobre a morte na Espiritualidade Franciscana e Cristã

Publicado por Frei Edson Matias | 07/07/2015 - 09:21

No Cântico do Irmão Sol, Francisco de Assis louva a Deus assim:

“Louvado sejam meu Senhor,
Por nossa irmã a morte corporal,
da qual homem algum pode escapar”.

Para nós hoje é muito difícil entender este louvor feito pelo pobrezinho de Assis. “Como assim? Louvar a Deus pela morte? Deve se tratar apenas de uma poesia, mas não de uma realidade!” Podemos, dessa maneira, argumentar para nos livrar de tamanha afirmação.

Contudo, a Espiritualidade de Francisco é vibrante e concreta. Está falando sim da morte corporal. O momento que deixamos definitivamente todas as coisas desse mundo. Não se trata somente de se abrir para o mundo “além-morte”, para o “céu”. É na verdade consumação de uma postura desapegada de vida.

Em seu caminhar, Francisco fez um vivência tão profunda de Deus, que se identificou com o desapego que está em Cristo Jesus. Ele sendo de condição divina não se apegou a si mesmo. Nem fez disso um motivo de glorificação (Cf. Fl 2) . Abriu mão, entregou-se a um projeto-vivencia maior. Em sua vida a morte não quis dizer ‘frustração’, mas ‘consumação’ de tudo que pregou e realizou. Na cruz, no abandono, há o esvaziamento total.

Francisco via no crucificado o modo de ser de Deus. Logo, a morte não podia mais causar medo. Ela nos desposa de todas as coisas. Todos que buscam viver a gratuidade e abertura do modo de ser de Deus, acolhe os derradeiros momentos dessa vida com louvor.

Para nossa mentalidade contemporânea tudo isso soa como absurdo. Até mesmo para muito das ‘espiritualidades’ – modo de viver o cristianismo – que temos rejeita a postura franciscana, não aceitando a morte. Trava-se uma luta desesperada contra ela. Não a aceita como parte da condição humana. Vemos tal postura até mesmo dentro das comunidades, de famílias e grupos cristãos.

Logico que não é fácil lidar com a morte. Todavia, em tudo isso se estabelece uma pergunta: “Nossas ‘espiritualidades’ tem ajudado a lidar com a real condição humana ou a tem negado?”. A concepção franciscana pode nos auxiliar em um aprofundamento da caminhada cristã. Tornamos mais vigorosos para adentrar em um modo gratuito de ser.

Esta foi a postura de Francisco de Assis. Retomar sua história e seus dizeres pode nos levar a reflexões mais significativas e mais profundas sobre as limitações da vida e sobre a morte. Realidade que homem algum pode escapar.

Sobre o autor
Frei Edson Matias

Frade Capuchinho, Sacertode. Naceu no ano de 1976 em Anápolis-GO. Filho de Baltazar Justino Dias e Genoveva Matias Dias. Ingressou na Ordem Franciscana em 25 de Janeiro de 1999, inicialmente nos Frades Conventuais - Província de Brasília. Depois fez a passagem para a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos no dia 13 de Julho de 2009. 

Formação

Doutorando em Teologia na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia - FAJE. Psicólogo pelo Centro Universitário de Brasilia - UniCEUB. Mestre em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás - PUC Goiás. Pós-Graduado em Psicologia Junguiana pela Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo - FACIS. Pós-Graduado em Teologia Contemporânea pelo Centro Universitário Claretiano. Teólogo Pelo Centro Universitário Claretiano. 

Áreas de atuação

Foi Professor de Psicologia e disciplinas afins na Filosofia e Teologia nos Institutos: ISB/DF, ITEO/MS e IFITEG/GO e na Faculdade Brasil Central/GO. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia clínica e psicologia da religião, como também em Teologia Pastoral e Espiritualidade. Presta assessorias às comunidades e congregações religiosas. 

Livros e Artigos

Possue diversos artigos publicados em revistas e livros. 

Contato

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