O encontro teve como tema “O perfil e a mística do irmão leigo na ordem capuchinha”. Ajudaram na reflexão frei Edson Matias da província do Brasil Central e o irmão Cristiano, FFDM. O encontro contou ainda com a presença dos definidores gerais frei José Gislon, e frei Mark Schenk.
Também esteve presente o presidente da CCB e provincial de São Paulo frei Airton Grigoleto. Os dias do encontro proporcionaram, além das reflexões momentos de reencontro e vivência fraterna.Perfil e Mística do Irmão Leigo na Ordem Capuchinha.
Na Reflexão surgiram elementos
Os irmãos leigos são cerca de 20% na Ordem, variando em cerca de 11% em 1980 e cerca de 30% em 1969. Citou a Província da Tanzânia que foi praticamente composta por irmãos leigos décadas atrás, porque os bispos lá não permitiam capuchinhos presbíteros. Com a abertura para a ordenação presbiteral dos frades, diminuiu fortemente o número de irmãos leigos. Atualmente, há maior número de irmãos leigos na Europa, Estados Unidos e América Latina. Em contrapartida, na África e Ásia o número é baixo, sendo estes com a presença do cristianismo e da Ordem ainda muito recentes.
Quanto à formação, a proposta é ser igual para todos. Contudo, por vezes, há desigualdades na formação para frades que querem ser presbíteros e os que querem ser irmãos leigos. É comum os provinciais exporem não se saber qual formação dar aos irmãos leigos, principalmente no Pós-Noviciado. Mas o problema é que não estão sabendo qual formação dar a todos os formandos, reduzindo o Pós-Noviciado ao estudo acadêmico. E dizem se um frade quiser ser um marceneiro isso não é formação, relata o definidor. Citou um exemplo de discriminação, favorecendo à formação dos frades que querem o presbiterato, mesmo que isso não aconteça abertamente, na prática acontece.
No tocante à Pastoral Vocacional, há Província que exige o vocacionado ter curso superior para seu ingresso nela. Isso não é compatível com as orientações da Ordem. Lembrando que muitos frades populares não tinham grande intelectualidade, mas possuíam grande capacidade de relacionamento humano.
A maioria dos irmãos leigos, segundo o definidor, se mostra contente com o trabalho que fazem. As oportunidades de trabalho hoje são muito variadas e abertas. Mas ele diz encontrar muitas lamentações de irmãos diante da centralização em Paróquias. Os irmãos, por vezes, ficam soltos nos trabalhos das Paróquias. Por um lado, pode significar certa liberdade, mas, por outro, mostra falta de valorização do mesmo. Disse ser importante o provincial valorizar e desafiar os irmãos com os trabalhos. Há até lugares em que o irmão tem de procurar o que fazer, porque a Província não oferece. De modo que ocorre também do irmão ter de trabalhar independente, ocasionando-lhe, às vezes, certo isolamento. Um desafio à Ordem é um espaço em que os frades possam trabalhar juntos.
Quanto ao serviço da autoridade na Ordem, para ser exercido pelos irmãos leigos, isso já foi pedido à Santa Sé muitas vezes, inclusive com a presença dos ministros gerais. Um passo é que a Santa Sé não se opõe que os guardiães sejam irmãos leigos. Uma esperança para um futuro breve é de irmãos leigos serem vigários provinciais, devido também à nova composição da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada. Relata que, talvez, um medo da Santa Sé seja de que com a possibilidade de irmãos leigos como superiores maiores, as religiosas reivindiquem o mesmo. Essa questão da autoridade deve continuar sendo trabalhada em nosso meio, revendo nossas estruturas clericais que dependem de nós.
Referente à figura do irmão leigo, são bem vistos nas Províncias, raramente são discriminados, mas, a sociedade ainda não entende bem essa nossa expressão laical. Depende também de cada cultura, havendo lugar onde se vê até como uma ofensa não ser padre e ter se tornado irmão leigo. Lembrou, por fim, de Frei John Corriveau que queria ser chamado simplesmente de “irmão”. Isso nos incentiva em nossa vocação, no desafio a sermos realmente irmãos do povo.
Após esta exposição, foi aberto espaço para comentários dos irmãos ao frei Mark. E ele comentou mais um pouco que nos Estados Unidos a maioria dos jovens cursam faculdade e sobre a dificuldade em se conciliar os irmãos leigos e frades presbíteros nos mesmos trabalhos. Frei Gislon enfatizou que na Itália os capuchinhos trabalhavam na roça com o povo, o que marcou profundamente às pessoas, lhes chamando de “frades do povo”, e tendo os irmãos leigos esmoleres realmente os grandes promotores vocacionais.
Fonte: Capuchinhos do Brasil /CCB
Por Frei Eduardo Pazinatto (Centro de de Promoção da Pessoa Soropositiva)