Mesmo em uma sexta-feira, a Paróquia Nossa Senhora de Fátima e São Roque, em Sapopemba, Zona Leste de São Paulo, estava cheia por um motivo mais que especial: celebrar junto com Frei José Sales Ramos, o querido Frei Juca, a vocação à vida religiosa – com a renovação dos votos dos pós-noviços – e sacerdotal – na celebração do jubileu de ouro presbiteral de Frei Juca.
A missa, realizada na Solenidade da patrona da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, particularmente dos Capuchinhos de São Paulo, Nossa Senhora da Imaculada Conceição, foi presida pelo Bispo Emérito da Diocese de Carolina – MA, o capuchinho Dom Frei José Soares Filho (Dom Egito), e concelebrada pelo Ministro Provincial, Frei Carlos Silva, pelo pároco da igreja, Frei José Edison Biazio, pelo próprio jubilando, frades e colegas religiosos. Parentes, vindos de vários lugares, inclusive da Bahia, marcaram presença para jubilar junto com o frade. Dom Egito, no início da celebração, brincou com o fato de Frei Juca ter cedido a presidência da celebração a ele “reflexo de sua humildade”, disse.
Frei Juca, após a proclamação do Evangelho, renovou os seus votos sacerdotais diante de Dom Egito, que renovou a promessa, através da tradicional frase “E eu, da minha parte, se isto observares, te prometo a vida eterna”. Em seguida um gesto emocionou a todos pela sua simbologia: os aspirantes trouxeram uma bacia para que o Ministro Provincial lavasse os pés do jubilando. Um encontro de gerações de homens dispostos a entregarem suas vidas ao Senhor. O Papa Francisco diz que no lava pés são três os verbos que sintetizam o gesto: servir, perdoar e ajudar. Outro “choque de gerações” aconteceu quando os frades pós-noviços realizaram a renovação dos seus votos. As renovações dos votos acontecem depois da primeira profissão religiosa e se estendem até a profissão perpétua, a consagração definitiva à vida religiosa. Frei Juca se emocionou com a presença deles e agradeceu ao Ministro Provincial e ao pároco da igreja por propiciar este momento com os jovens frades.
Na homilia, Dom Egito, amigo de Frei Juca, refletiu com a assembleia sobre o dogma da Imaculada Conceição e em como a figura de Maria foi instrumento para que Deus realizasse o seu projeto. Ele também recordou o episódio do fruto proibido, “Deus nos criou para a harmonia e para o diálogo, portanto não quer a inimizade entre nós. Isso a serpente faz com muita astúcia. Diante de tudo pergunto: será que a serpente sempre irá dominar na Terra? Será que o homem vai continuar fazendo escolhas ruins, se afastando de Deus, se afastando do próximo, de si mesmo e da Criação? “, questionou. Com a voz embargada lembrou que Frei Juca, como Maria em sua humildade, se encheu da graça de Deus e também disse sim e aceitou seguir o seu filho Jesus Cristo. O bispo encerrou agradecendo: “por onde ele passou fez o gesto do lava pés. Só temos que agradecer pela sua presença no meio de nós, sua humildade, sua simplicidade e dedicação. O Senhor que lhe deu essa graça de carregar o sacerdócio em vazo de barro, pois a grandeza desse sacramento vem de Deus e não de nós”, concluiu.
O Ministro Provincial, no agradecimento ao jubilando, relembrou sobre a primeira comunidade depois da ressurreição de Jesus. “Neste momento o Espírito de Deus começa a fazer as suas ‘exagerações’ no meio do seu povo. A primeira comunidade define Jesus assim: ele passou no mundo fazendo o bem. Creio que esta Palavra reveste o Frei Juca tão bem, pois ele continua a fazer o bem com todos nós”. Ele também dirigiu uma palavra aos frades que renovaram os votos, pedindo para que eles conservem o primeiro amor, o primeiro chamado que Deus fez a eles para a vida religiosa.
Antes da benção final, representantes da comunidade divulgaram o resultado de uma “enquete” sobre o jubilando. “Em nossa pesquisa saiu que o senhor é um frade capuchinho justo, de muita oração, de simplicidade e santidade, caridoso, amoroso, carismático, atencioso, terno, humildade, manso, paciente e fraterno, homem de misericórdia! “. Frei Longarez reiterou a mensagem dizendo que “Frei Juca é, de fato, um grande frade menor”.
História:
Frei Juca entrou para o noviciado em 1961, em Taubaté-SP. Em 1965 realizou a sua primeira profissão religiosa e foi ordenado em Junqueirópolis, no dia 29 de dezembro de 1967, por Dom Hugo Bressane de Araújo, bispo de Marília. Se na missa Frei Juca foi homenageado pela sua simplicidade e doação, sua história vocacional entrega que este foi seu plano desde o início. Ele conta que se sentiu atraído pela vocação capuchinha ainda adolescente, através do testemunho de um frade “ele vinha e pedia um pão para comer. A simplicidade dele me atraiu”. Ao perguntar se ele acredita que cumpriu com essa missão de simplicidade, como esse frade que foi o seu referencial, foi humilde: “o dia que eu falar ‘estou pronto’ é mentira. A gente luta, procurando melhorar. São Francisco chegou no final da vida dizendo ‘Irmãos comecemos, pois até agora pouco ou nada fizemos’”.
Ao fim da entrevista perguntei qual a importância de um sacerdote para as pessoas. Frei Juca falou que a proximidade deve ser um dos principais engajamentos do ordenado. “O povo de Deus precisa sentir que o frade está com eles”, disse. Ao concluir, sobre o que mais lhe chamou a atenção nestes 50 anos, uma frase motivadora: “a alegria de levar Cristo aos outros e compartilhar a sua mensagem. A gente tem que torcer para que Cristo, que tanto nos amou, seja amado, conhecido e buscado.“
Fonte: Capuchinhos do Brasil /CCB
Por Paulo Henrique (Assessoria de Comunicação e Imprensa, São Paulo - SP)