Homilia para a Missa de Bodas de Pratas Sacerdotais De Frei Gilson Baldez!
Sacerdócio e Eucaristia: unidos pela misericórdia!
Pensando no mistério de vocação que é o sacerdócio, imediatamente pensamos: Essa vocação existe para que? O sacerdócio existe para a Eucaristia. O padre existe para a Eucaristia e ambos existem para a salvação do povo de Deus. Por isso a misericórdia une indissoluvelmente, o Sacerdócio à Eucaristia. Portanto o Sacerdote é o Homem da Misericórdia! Na Última Ceia, antecipando a Sua doação total, mesmo diante da traição e do mistério de dor pelo qual teria de passar para salvar a humanidade das trevas do pecado e da morte, entrega aos discípulos o Sacramento do Amor: A Eucaristia. A Eucaristia é a doação que Jesus Cristo faz de si mesmo, revelando-nos o amor infinito de Deus por cada ser humano. Nesse mesmo dia o Mestre compartilha o seu Sacerdócio com os Apóstolos e os faz ministros do Sacramento do Amor, ministros do Perdão, ministros da Misericórdia. Portanto, Sacerdócio e Eucaristia nascem das fontes misericordiosas do Coração de Jesus! Os sacerdotes usam as mesmas palavras de Jesus quando instituiu o mistério de amor, porque são os primeiros a estar no lugar de Jesus – in perna Christi – para a salvação do mundo. Eis porque o sacerdócio é um movimento Divino do Amor de Deus Pai, que continua agindo em sua Igreja, em todo tempo e o tempo todo. Onde existir um Sacerdote, aí haverá a possibilidade do Amor e da Misericórdia de Deus se manifestar às pessoas. Na última carta da quinta feira Santa de 2005, aos Sacerdotes, São João Paulo II disse: “O povo tem o direito de ver Jesus Cristo na pessoa do sacerdote”. Essas palavras de João Paulo II deverão ficar gravadas na alma do Sacerdote como uma missão, apesar de ser pecador e cheio de limitações como todo homem, o Padre é ministro do Sacramento do Amor e da Misericórdia. O Sacerdote é homem de misericórdia e compaixão; como o bom samaritano e como Jesus o Bom Pastor, o padre é chamado a ser, deste mesmo modo. Frei Gilson Juarez, o teu jubileu de Prata Sacerdotal celebra-se neste “tempo da misericórdia”. Por isso, deves como ministro da Igreja, atualizar e manter viva esta mensagem, sobretudo na tua pregação, nos teus gestos, e nas tuas opções pastorais. E, além disso, para um filho de São Francisco de Assis, é regra de vida, “USAR DE MISERICÓRDIA” para com todos os pecadores, sobretudo para com os “sacerdotes pobrezinhos”. Mas, o que significa “Misericórdia”, para um Sacerdote? Significa que o seu modo de ser, de viver e de agir deve ser igual àquele de Jesus. A sua medida é a medida de Jesus. Jesus tem vísceras de misericórdia: por isso, sempre se mostra terno para com o gênero humano, especialmente para com os pecadores, os excluídos, os doentes. Assim também, à imagem do Bom Pastor, o Sacerdote deve ser HOMEM de MISERICÓRDIA e de COMPAIXÃO, próximo do Povo e servidor de todos. Esta atitude deve ser vista especialmente no sacramento da Reconciliação, no modo de acolher, escutar, aconselhar, absolver. Aliás, isto depende do modo como o Sacerdote vive por si mesmo este Sacramento, o modo como se deixa abraçar por Deus na Confissão e permanece dentro deste abraço. O Sacerdote que vive isto no seu coração, pode também dar aos outros no seu ministério. Misericórdia significa antes de tudo curar feridas. FREI GILSON... Nasceu na bucólica Ilha de “Valha-me Deus”, nas águas atlânticas do município de Cururupu, Maranhão, aos 22/11/1964; nove meses depois, aos 14/08/1965, na igrejinha de Santa Maria das Graças, em “Valha-me Deus”, o Padre Roberto Leduc o batizou com o nome de GILSON JUAREZ. Transferindo-se com sua família para São Luís, Nossa Senhora do Carmo o atraiu para esta Igreja homônima e, aqui, encontrou um Capuchinho, cuja estatura era semelhante à sua, barba longa, acolhedor, alegre, bondoso, amigo e fraternal: FREI REDENTO BONASSI. Seu Catequista e aquele que, pela primeira vez, no dia 16/07/1978, lhe conduziu ao banquete Eucarístico, aqui, nesta Igreja, no dia da festa da Padroeira. Do ponto de vista vocacional, frei Redento foi para frei Gilson o que “Ely” foi para Samuel: “Se o Senhor te chamar, responde-lhe: Eis-me aqui Senhor: fala que o teu servo escuta”... E, mormente o Senhor o chamara, com a prontidão que requer a seqüela Christi, frei Gilson lhe respondeu com seu SIM generoso, vivido fielmente até aqui. Em 1980 frei Redento o enviou ao Grupo Vocacional do Anil, ocasião em que o conheci: era Jovem, inteligente, responsável, maduro, estudioso, mas de pouca queda para a música e o canto. Porém, naquela época, ao falar nas reuniões para dar o seu contributo às nossas reflexões, já deixava transparecer a acuidade do seu pensamento. Surpreendeu-me ao fazer-lhe uma pergunta sobre a Bíblia, ao que ele me respondeu em cima da bucha; nem me deixou respirar. Era vaidoso: andava bem alinhado numa calça de tergal, pano passado, sapatos engraxados, cabelo penteado e alisado com brilhantina (era o gel daquela época). Sua Bíblia, seu espelho de bolso e um pente preto, eram companheiros inseparáveis. Foi Crismado, por Dom João José da Mota e Albuquerque, na Paróquia Nossa Senhora da Penha, do Anjo da Guarda, no dia 02/08/1981. Essa data pressagiava o seu futuro como frade Capuchinho, pois no dia 02/08 a Família Franciscana celebra a Festa de Santa Maria dos Anjos da Porciúncula, dia Perdão de Assis. Em fevereiro de 1982, entrou no Centro Vocacional “Vem e Segue-me” no Anil, para fazer os seus dois anos de Postulado, sendo que o segundo correspondia ao Propedêutico; em 1984 fez o ano de Noviciado em Tuntum, e no dia 02/02/1985, emitiu sua Profissão Temporária; em seguida enviado a Belém para os estudos de Filosofia e Teologia. Foi ordenado Sacerdote por Dom Paulo Andrade Ponte, na Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, da COHAB, no dia 05/01/1991. Após um breve tirocínio na Cúria Viceprovincial, frei Franco Cúter o enviou à Roma para estudar. Matriculado na Pontifícia Universidade Gregoriana, voltou licenciado “suma cun lauda” em História da Igreja. Pequeno de estatura, mas grande em capacidades: serviu na Viceprovíncia e na Província como Formador, Guardião, Professor, Secretário, Pároco, Bibliotecário, Arquivista, Ecônomo. Na Arquidiocese de Belém foi nomeado por Dom Vicente Joaquim Zico, Vigário Episcopal para as Religiosas; e na Diocese de Abaetetuba, Pará, Dom Flávio Giovenale o encarregou da Área Pastoral do Baixo Acará, com poderes e responsabilidades próprias de Pároco. O festejado merece a alcunha de “Pequeno Grande”. Ao celebrar o seu Jubileu Sacerdotal com esta ampla folha de serviços, faz memória a outros dois grandes Capuchinhos maranhenses, entre outros: frei Lourenço de Alcântara e frei Serafim de Viana; frei Lourenço se lançou na Missão como um combatente; frei Serafim, que abdicou seu emprego federal para entrar entre os Capuchinhos, ocultando na sua humildade que sabia falar fluentemente francês e inglês, ao contrário, a vida inteira trabalhou como o fermento na massa: Sacristão, Porteiro, Hortulano. Falo de frei Serafim para fazer saber aos maranhenses que, neste ano de 2016, celebram-se os 120 anos do seu nascimento em Viana. FREI GILSON, parabéns, força para que saibas que não estás sozinho, pois disse o Senhor: “Eu estarei contigo todos os dias, até o final dos tempos”. Jesus Sumo e Eterno Sacerdote... Dai-lhe a graça, como padre, de viver como o Senhor viveu, e ser para o povo sinal vivo de vossa Misericórdia. Maria, Mãe dos Sacerdotes... Tenha-o sempre sobre os teus cuidados e na proteção do teu manto de mãe, pois frei Gilson é teu filho predileto. Que ele esteja imerso nestes dois mistérios para os quais ele foi ordenado: Sacerdócio e Eucaristia. Para que ele seja ponte para os seus irmãos do Amor misericordioso de Deus. Louvado seja N. S. Jesus Cristo...
(São Luís/MA, 21/04/2016 – frei Antonio Macapuna).
Fonte: Capuchinhos do Brasil /CCB
Por Frei José Lázaro Oliveira Nunes (Fraternidade Cúria Provincial N.S. do Carmo MA/PA/AP/CUBA (São Luís/Centro))