Mártires Poloneses do Holocausto
Bem-aventurados: Maria Teresa Kowalska, clarissa capuchinha, P. Antonin Bajewski, sacerdote; P. Pius Bartosik, P. Inocencio Guz, P. Aquiles Puchala, P. Herman Stepien, Fr. Timoteo Trojanowski, Fr. Bonifacio Zukowski, mártires Irmãos Menores Conventuais (holocausto). Beatificados por João Paulo II em sua viagem apostólica a Polônia no dia 13 de junho de 1999.
A causa de beatificação dos 108 Mártires, vítimas da perseguição da Igreja na Polônia nos anos 1939-1945 por parte dos nazistas, foi introduzida formalmente só em 1992. Na realidade, nas suas origens, remonta aos primeiros anos após a 2ª Guerra Mundial. A fama da santidade e do martírio dos 108 novos beatos, as graças atribuídas à intercessão deles, despertou a atenção muitas vezes das dioceses e famílias religiosas sobre a necessidade de iniciar as causas de beatificação pelo martírio. Para lembrar, por exemplo, os casos do arcebispo Julian Antoni Nowowiejski, o bispo Leon Wetmanski, Dom Henryk Hlebowicz, Dom Henryk Kaczorowski com o grupo dos sacerdotes de Wloclawek, Dom Jozef Kowalski, salesiano, irmão Jozef Zaplata da Congregação dos Irmãos do Sagrado Coração de Jesus.
Depois vem a beatificação do bispo Michal Kozal (Varsóvia, 1987), definido “um verdadeiro mestre dos mártires” pelo clero dos campos de concentração, especialmente de Dachau. Durante a discussão sobre o martírio do bispo Michal na Congregação para as causas dos santos, chegou até mesmo o pedido para começar um processo à parte referente a quantos foram os companheiros do Bispo Mártir no oferecer o sumo testemunho da fé.
O processo, por parte da conferência dos bispos poloneses, foi aviado e presidido pelo bispo da diocese de Wloclawek, a qual durante a perseguição havia sofrido, em percentual, as mais expressivas perdas entre o clero diocesano na Polônia.
No dia da abertura do processo em Wloclawek, dia 26 de janeiro de 1992, dia do aniversário de morte do beato mártir Michal Kozal, foram levados em consideração 92 mártires das diversas dioceses e famílias religiosas. O número dos candidatos foi depois mudando com a inserção de alguns novos candidatos e exclusão de alguns outros por motivo do não suficiente material de prova do martírio, considerado no sentido teológico. Enfim, o número dos mártires foi fixado em 108 pessoas, às quais foi infligida a morte por ódio à fé (in odium fidei) em diversas localidades e circunstâncias.
Os documentos do processo chegaram a encher 96.000 páginas e foram entregues, em 1994, para exame da Congregação vaticana para a Causa dos Santos. O sucessivo estudo, muito intenso, consentiu de chegar, já no dia 20 de novembro de 1998, à discussão teológica sobre o martírio. O resultado positivo, junto àquele do Congresso dos Cardeais e dos Bispos, dia 16 de fevereiro de 1999, abriram o caminho à beatificação, realizada pelo Santo Padre, dia 13 de junho de 1999, em Varsóvia, durante a sua viagem apostólica na Polônia.
Os 108 mártires
São provenientes de 18 dioceses, do ordinariado militar e das 22 famílias religiosas. Há sacerdotes, religiosos e leigos cuja vida, inteiramente dedicada à causa de Deus, e cuja morte, infligida por ódio à fé, levaram o selo do heroísmo. Entre eles estão três bispos, 52 sacerdotes diocesanos, 26 sacerdotes religiosos, 3 clérigos, 7 Irmãos religiosos, 8 Irmãs e 9 leigos. Estas proporções numéricas estão ligadas ao fato de o clero ter sido o principal objetivo do odio à fé por parte dos nazistas de Hitler. Queriam calar a voz da Igreja considerada obstáculo na implantação de um regime fundado sobre uma visão do homem privada da dimensão sobrenatural e permeada de ódio violento.
Dentre os mártires destacamos:
Maria Teresa Kowalska
Maria Teresa Kowalska pertencia ao Convento das Irmãs Clarissas Capuchinhas de Przasnysz. Ainda que ela tenha passado a sua vida em silêncio, a recordação da sua morte corajosa, o que não aconteceu com nenhuma outra monja naquele mosteiro, ainda está muito viva.
Mieczyslawa nasceu em Varsóvia em 1902. Desconhece-se o nome e a profissão dos seus pais. Recebeu a sua primeira Comunhão no dia 21 de Junho de 1915, e o sacramento da Confirmação no dia 21 de Maio de 1920. O seu pai, simpatizante socialista, foi para a União Soviética na década de 1920 com grande parte da família.
Por uma nota escrita no seu livro religioso O Livro da Vida, sabemos que pertenceu a várias associações religiosas e fazia parte de várias confrarias. Tudo isto nos leva a supor que levava uma vida de piedade exemplar antes de entrar na Ordem das Capuchinhas.
Aos 21 anos, Mieczyslawa recebe a graça da vocação religiosa. Ingressou no Mosteiro das Clarissas Capuchinhas de Przasnysz no dia 23 de Janeiro de 1923. Tomou o hábito no dia 12 de Agosto de 1923 e recebeu o nome de Maria Teresa do Menino Jesus. Emitiu a sua primeira profissão no dia 15 de Agosto de 1924 e a profissão perpétua no dia 26 de Julho de 1928.
Era uma pessoa delicada e doente, mas disponível para todos e para tudo. No Mosteiro servia a Deus com devoção e piedade. Com o seu modo de ser conquistava o carinho de todos, diz uma das irmãs. Gozava de grande respeito e consideração por parte das superioras e das outras irmãs. Exerceu vários ofícios: porteira, sacristã, bibliotecária; Mestra de noviças e Conselheira. Maria Teresa vive a sua vida religiosa em silêncio, totalmente dedicada a Deus, com grande entusiasmo. Um dia, este serviço a Deus foi posto a dura prova.
No dia 2 de Abril de 1941, os alemães entraram no Mosteiro e prenderam todas as irmãs, levando-as para o Campo de concentração de Dzialdowo. Entre elas estava a Irmã Maria Teresa, doente com tuberculose. As 36 irmãs ficaram presas no mesmo local e suportaram condições de vida que ofendiam a dignidade humana: ambiente sujo, fome terrível, terror contínuo. As irmãs observavam com horror a tortura a que eram submetidas outras pessoas ao mesmo tempo, entre as quais se encontravam o Bispo de Plock, A. Nowowiejski e L. Wetmanski, e muitos outros sacerdotes. Depois de passar um mês naquelas condições de vida, a saúde das irmãs debilitou-se. A Irmã Maria Teresa foi uma das que mais se ressentiu, que pelo menos se mantinha de pé.
Sobreveio-lhe uma hemorragia pulmonar. Faltava não só o serviço médico mas também a água para matar a sede e para a higiene. Suportou o sofrimento com coragem e, até onde lhe foi possível, rezou junto com as restantes irmãs. Outras vezes rezava ela sozinha. Durante a prova, e consciente da proximidade da morte, dizia: “Eu, daqui, não sairei; entrego a minha vida para que as irmãs possam regressar ao Mosteiro”. Isso mesmo dizia à abadessa: “Madre, ainda falta muito?”. Morreu na noite de 25 de Julho de 1941. Desconhece-se o paradeiro dos seus restos mortais.