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Entrevista com Frei André

09/03/2020 - 10h54

SAV Província: Como se deu o discernimento vocacional?

A vocação é um mistério de Deus. Respondemos ao chamado e como o amor não tem como explicar. É sentimento. Sentir nas veias o pulsar de uma missão que se torna maior que você. Abraçar um sonho e torná-lo o seu sonho, deixando seus outros sonhos em segundo plano. Lutar por uma causa que faz sentido.

Desde cedo sempre tive a vontade de ser padre, mas aos 13 anos quando fiz a minha primeira Eucaristia me senti um chamando maior, então no ano de 1997 comecei a participar dos encontros vocacionais da minha cidade (Diocese de Janaúba). E durante 5 anos estive fazendo encontro vocacional, no início do ano de 2002 mais, precisamente no mês de setembro, estive na cidade do Rio de Janeiro para fazer um encontro vocacional na Congregação Sagrada Família. No mesmo decorrer do mesmo ano a equipe vocacional da Diocese de JANAÚBA-MG me fez um convite para fazer uma experiência no ano seguinte 2003, então durante este ano estive no seminário fazendo uma experiência, no final desde ano pedir o reitor Padre Joaquim e O senhor bispo Dom José Mauro Pereira Bastos (Imemória 2007) para fazer uma experiência na vida religiosa, então por dois anos fora do seminário no ano de 2005 tomei a decisão de fazer uma nova experiência na ordem dos Clérigos Regulares de São Paulo (Barnabitas), e por 2 anos e meio fiz esta experiência, por motivo do destino no ano de 2007, conheci os frades capuchinhos na qual eu me encanteipelo carisma e alegria dos freis. Então no final do mesmo ano fui aprovado para fazer uma nova experiência na qual estou até hoje, experimentado e bebendo desde carisma na qual eu escolhi para viver a menoridade e a Fraternidade.

SAV Província: No processo formativo, quais pessoas colaboraram com você?

Meus formadores. Eles me auxiliaram de perto no âmbito vocacional, me ajudando a enfrentar as crises, superar as dúvidas e decepções, enfim, a amadurecer ao longo do processo. Aos confrades das fraternidades onde passei; eles foram me provocando e ajudando a ser melhor, a buscar crescer, ser mais humano, colegas que foram se tornando amigos e irmãos. Estes irmãos, me ajudou no meu crescimento e na assimilação e vivência do carisma franciscano. Eles foram para mim balizas que me indicou os caminhos a serem percorridos para melhor viver o Evangelho nas pegadas do Seráfico Pai São Francisco de Assis e da mãe Santa Clara de Assis

Meus diretores espirituais e confessores, que estiveram disponíveis a mim escutar, me instruir, me corrigir e me incentivar na vivência dos valores franciscanos. Também as comunidades onde atuei no apostolado, eles foram para mim lugar de acolhida, carinho, compreensão.

Neles encontrei grandes testemunhos de fé que incentivam e comprometem na missão a realizar.

SAV Província: Poderia relatar para nós alguma experiência forte que te marcou no tempo da formação inicial?

Algumas experiências me marcaram na etapa da formação Inicial, a primeira delas foi morar um Frei Nemezio, homem simples, caridoso, sábio, desapegado, feliz, santo, que com sua simplicidade me ensinou amar, viver a vida capuchinha, ou seja, ser um frade menor. Outra experiência foi a do noviciado, tempo forte de oração, retiro, de conhecimento, escuta de Deus, silêncio.

Hoje depois destas experiências vivida no processo de formação inicial, me sinto outra pessoa, mas Alegre, mais renovado, mais madura, mais confiante, mais corajoso e principalmente mais abençoado por Deus, por ter colocado pessoas, que ensinou e ensina ser uma pessoa melhor e a felicidade de uma vida cheia de sentido, vivida para Deus e em função dos irmãos.


SAV Província: Como você define o ministério diaconal?

“Eu estou no meio de vós como aquele que serve” Lc 22,27.

Expressões práticas que definem esse serviço, ou seja, este ministério de diácono, podem ser observadas nos ensinos e práticas de Jesus, tais como: alimentar os famintos, acolher o próximo e visitar os doentes e encarcerados (Mt 25.31-40). O novo testamento também enfatiza a importância de um coração cheio de misericórdia e compaixão por aqueles que têm necessidades físicas, materiais e espirituais. Assim, o Espírito Santo nos capacita para esse serviço de assistências aos santos através dos dons espirituais que ele mesmo derramou sobre nós. Vale lembrar que, quando estivermos servindo e socorrendo aos irmãos (e em especial aos pobres, necessitados e aflitos), estamos servindo ao próprio Cristo. Portanto, para mim, ser diácono e servir, e servir é uma das características do discípulo de Jesus.

A propósito, servir corresponde à responsabilidade de todos nós, de uns para com os outros, de tomar conhecimento e suprimirmos em amor as necessidades dos irmãos, e em especial os que são carentes e atingidos pelas tribulações; esse é o dever sacro de cada um de nós.  Todos nós fomos chamados a servir uns aos outros. O individualismo, o viver apenas para o seu próprio interesse, buscar apenas o que é seu não confere com o caráter do discípulo de Jesus.

SAV Província: Qual mensagem você pode deixar para os jovens?

A vocação é um chamado de Deus. Deus nos chama, mas a resposta é sempre humana. O primeiro chamado é a vida. A vida como um grande dom de Deus. Antes mesmo que eu existisse, Deus já me conhecia e amava (Jr 1,5). Se Deus nos chama à vida, qual será a nossa resposta? Bem, as respostas podem ser as mais diversas possíveis, no entanto, uma coisa é certa: Qual a resposta que Deus espera de mim?

Tomar uma decisão a respeito do que fazer da vida não é fácil. Assim como escolher uma profissão é uma tarefa que exige um mínimo de conhecimento das diversas oportunidades que encontramos nas diferentes áreas profissionais, além do autoconhecimento, ter a certeza da vocação a seguir é ainda mais difícil, pois trata-se do chamado de Deus para a nossa vida. E é difícil justamente pelo fato de que nem sempre percebemos os sinais de Deus, nem sempre ouvimos a voz de Deus nos direcionando.

Você pode dar um sentido e um valor muito maior a sua vida sendo um Frade Capuchinho. O que mais dá sentido à vida de uma pessoa é o amor que ela é capaz de viver. Claro que você também pode ter a felicidade se encontrar uma boa mulher e constituir uma bonita família, vindo a ter filhos e netos que o amem e a quem você poderá dedicar o seu amor e desvelo. Mas procure conhecer bem o seu coração, por tudo que você já viveu até agora. Pode ser que Deus queira fazer você feliz em um amor muito mais amplo, aberto a muitos irmãos, a muitas pessoas que você vai amar e que também vão amar você por toda a vida. O que importa é que, mesmo quando acabar esta vida na terra, a gente continue a viver um amor sem fim entre todas as pessoas, na casa de Deus.

Fonte: Capuchinhos do Brasil /CCB

Por Frei Anderson Teodoro Aguiar Silva (Fraternidade São Crispim de Viterbo)

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